SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Além de fechar o acordo que colocou a Argentina na Iniciativa do Cinturão e da Rota, o mais importante programa de política externa da China, o presidente Alberto Fernández recheou o encontro que teve com Xi Jinping, em Pequim, neste domingo (6), com piadas e elogios.
Em um momento de descontração, de acordo com relatos ao jornal Clarín por membros da comitiva latino-americana que acompanharam a reunião, Fernández disse a Xi que, se ele fosse argentino, “seria peronista”, em referência à corrente política do qual ele e sua vice, Cristina Kirchner, fazem parte.
Ainda segundo o veículo, o presidente argentino aproveitou o momento para repassar a história do grupo político e “suas intenções de construir um país mais industrializado”, ainda que, de acordo com Fernández, “de tanto em tanto vinha um golpe militar ou um neoliberal para retroceder”. O último deles seria o antecessor, Mauricio Macri, “que pegou um empréstimo do Fundo Monetário Internacional”.
Não teria sido o único gracejo. O presidente, segundo o Clarín, contou ao colega chinês que, nos anos 1950, o líder argentino Juan Domingo Perón pediu a seu ministro da Economia que enviasse alimentos para a China, num momento logo depois da revolução que colocou os comunistas no poder.
Esse ministro era Antonio Cafiero, avô do hoje ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, que acompanha a viagem à Ásia e que, durante o governo de Fernández, também já foi chefe de gabinete do peronista. Além da China, o líder argentino já passou pela Rússia e ainda irá a Barbados.
Em Moscou, onde se encontrou com Vladimir Putin, Fernández pediu ao presidente russo que apoie a entrada da Argentina no Brics, bloco formado por Brasil, Índia e África do Sul, além de China e Rússia. Neste domingo, repetiu o apelo a Xi, e, segundo fontes oficiais, os líderes acenaram positivamente.
Na parte dos elogios, o Clarín definiu, a partir dos relatos de autoridades do governo, que o diálogo com Xi foi “muito cordial” e disse que Fernández agradeceu a cooperação durante a pandemia de Covid, com o envio de vacinas da Sinopharm à Argentina. Do outro lado, o dirigente chinês teria dito que acompanhou com interesse o discurso do presidente argentino, em julho do ano passado, quando ele participou de reunião do Partido Comunista e partidos políticos do mundo na condição de líder do Partido Justicialista.
Na parte mais formal do encontro, China e Argentina assinaram um acordo que permite a entrada do país sul-americano na Iniciativa do Cinturão e da Rota, principal projeto de política externa da nação asiática por meio da construção de portos, ferrovias, aeroportos ou parques industriais. Essas infraestruturas oferecem à China acesso a mais mercados e abre novos caminhos de expansão para suas empresas.
A China já assinou pactos relacionados à iniciativa com cerca de 150 países. Segundo o Ministério do Comércio, empresas chinesas investiram mais de US$ 20 bilhões em projetos do programa em 2021.
O acordo firmado em Pequim pode gerar investimentos de mais de US$ 23 bilhões à Argentina.
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