RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – O governo de Pernambuco cancelou o ponto facultativo do Carnaval e reduziu a capacidade de eventos privados carnavalescos. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (7) em entrevista coletiva.
A medida ocorre na esteira do avanço das infecções da Covid, impulsionado pela variante ômicron do coronavírus. O comitê científico do Consórcio Nordeste tinha recomendado o cancelamento do feriado. Em Pernambuco, a data é ponto facultativo, mas, na prática, é tratada com status de feriado.
O limite de pessoas em eventos será reduzido de 3.000 para 500 em locais abertos, e de 1.000 para 300 em locais fechados.
As medidas valem a partir da próxima quarta-feira (9) e vão até o dia 1° de março, a terça-feira de Carnaval.
“Sabemos de todas as repercussões econômicas, sociais e culturais em torno dessa decisão, mas não há condições sanitárias para que seja realizada qualquer tipo de festividade no período de carnaval em Pernambuco”, afirmou o governador Paulo Câmara (PSB).
“Além disso, reduzimos a capacidade dos eventos de 3.000 para 500 pessoas e não descartamos tomar outras medidas restritivas se o número de casos continuar em crescimento acelerado”, completou.
Nos eventos acima de 300 pessoas, será exigida a apresentação de teste negativo de Covid, além do passaporte vacinal com imunização completa. Para eventos corporativos, não festivos, o limite será de até 1.500 participantes.
Atualmente, 919 pacientes estão internados com quadros respiratórios graves nos leitos de UTI na rede pública –mesmo patamar de julho do ano passado. A ocupação era de 87% no domingo (7). Na rede privada, são cerca de 170 internados com esse quadro, uma ocupação de 80% no domingo.
Além disso, a média móvel de confirmações diárias de novos óbitos no estado chegou a 13,2 nesta segunda-feira -um aumento de 128% na comparação com a de 14 dias atrás.
As festas públicas de Carnaval já tinham sido canceladas pelas prefeituras do Recife e de Olinda, os dois maiores polos da folia pernambucana. No entanto, as duas gestões municipais optaram por não se posicionar em relação aos eventos privados e deixaram a decisão a cargo do governo de Pernambuco.
Municípios do interior que possuem eventos carnavalescos expressivos, como Bezerros e Nazaré da Mata, também tinham anunciado a impossibilidade de promover as festas de rua por causa do recrudescimento da pandemia.
Desde o ano passado, os eventos privados fazem as divulgações e vendas de ingressos para o período de Carnaval. A categoria alega que é possível fazer o controle sanitário exigindo o comprovante de vacinação completa contra a Covid, além da testagem para a doença.
Nas ruas da cidade, é comum encontrar propagandas de eventos para o período da folia. Nos meios de comunicação, as divulgações também ocorrem em proporção similar à de anos anteriores à pandemia.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em janeiro, o governador Paulo Câmara (PSB) deixou clara a possibilidade de endurecer as medidas restritivas no estado caso o cenário da pandemia piorasse.
“Se for necessário apertar, nós também não vamos deixar de fazer o que for necessário”, disse na entrevista publicada no dia 18 do mês passado.
As badaladas festas particulares de Carnaval no Recife possuem ingressos que chegam a até R$ 2.500. O Carvalheira na Ladeira, por exemplo, um dos mais procurados por famosos em Olinda, faz quatro dias de festa com ingressos a R$ 650 por dia ou R$ 2.440 o pacote de quatro dias de evento.
Entre os escalados para o camarote estão artistas como Anitta, Thiaguinho, Matuê, Alceu Valença e Vintage Culture, entre outros.
São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador também já proibiram eventos públicos de Carnaval. Já os desfiles das escolas de samba das capitais paulista e fluminense foram adiados para o feriadão de Tiradentes, em abril.
Para tentar suprir o impacto financeiro para artistas e técnicos, as prefeituras de Olinda e Recife criaram um auxílio para ser pago a entidades, grupos, blocos e cantores envolvidos com o Carnaval em razão do cancelamento da festa em 2022.
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