RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A empresa fabricante do composto “50 ervas emagrecedor” está com o CNPJ suspenso desde 2015, de acordo com o site da Receita Federal. O produto foi consumido pela enfermeira Edmara Silva de Abreu, 42, que morreu na última quinta-feira (3) em São Paulo, após ser diagnosticada com uma hepatite fulminante.
A firma tem o nome fantasia de Pró-Ervas, mas na realidade se chama Sebastião Rocha de Souza ME. A reportagem entrou em contato através do telefone registrado na Receita, sem sucesso. A empresa tinha sede na cidade de Ipatinga (MG).
Registros em diários oficiais da União mostram que a empresa foi proibida de fabricar e comercializar seus produtos no país pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em ao menos três ocasiões desde 2012.
Em 2017, outra resolução da Anvisa já proibia tanto a fabricação quanto a comercialização de todos os produtos identificados como sendo da empresa Mil Hervas -nome usado anteriormente pela firma- ou da Sebastião Rocha de Souza ME.
Apesar disso, ainda é possível ver diversos produtos da empresa sendo vendidos normalmente em sites de varejo.
O “50 ervas emagrecedor”, vendido em cápsulas, se diz “natural” e, na composição, contém ervas como chá verde, carqueja e mata verde, substâncias hepatotóxicas (que podem causar danos ao fígado).
Em entrevista ao UOL, a professora de educação física Monique de Abreu Saraiva Artecio, 35, prima de Edmara, afirmou que a enfermeira era “extremamente saudável” e começou a ter sintomas de enjoo há duas semanas.
Edmara, que trabalhava no Hospital e Maternidade Santa Joana, resolveu se consultar com um médico e foi logo internada porque, na ocasião, a equipe desconfiou que se tratava de um problema na vesícula. Logo em seguida, foi constatado que se tratava de uma hepatite fulminante.
Segundo a prima, os médicos ainda realizaram mais testes para saber se a doença era decorrente de um agravamento de leptospirose ou de dengue, que geralmente são os causadores das lesões no fígado, mas os resultados para ambos os casos deram negativo.
Edmara foi transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), que é referência em casos de hepatite. Ela estava na fila para conseguir um transplante de fígado, passou por um coma induzido e finalmente conseguiu realizar a cirurgia, que levou 12 horas, no sábado (29).
No entanto, o corpo da enfermeira rejeitou o novo órgão e os médicos atestaram a morte cerebral de Edmara na quarta-feira (2). Na madrugada do dia seguinte ela sofreu uma parada cardíaca e morreu.
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